O que fazer quando as mídias sociais aceleram um pensamento que precisa parar?
Nos últimos tempos, um dos fatos mais marcantes que tenho observado é a aceleração constante que estamos vivendo. Os jovens sentem que precisam conquistar tudo antes de completar 30 anos de idade, além de construir uma família e alcançar o tão esperado sucesso profissional, acompanhado da estabilidade financeira.
A imersão no mundo digital, principalmente nas redes sociais, tem contribuído em grande parte para este sentimento da sociedade pós-moderna, podendo até mesmo ser considerado um catalisador de doenças da psique. Não é à toa que a Organização Mundial de Saúde (OMS) apontou que aproximadamente 20 milhões de brasileiros sofrem de ansiedade, englobando também o transtorno obsessivo-compulsivo, fobias, estresse pós-traumático e ataques de pânico. Quando falamos em depressão, cerca de 12 milhões de pessoas no país são acometidas pela doença, ocupando o segundo lugar no ranking global.
Mas, se estas tecnologias foram desenvolvidas com o intuito de auxiliar nossas atividades, por que tem nos adoecido? A internet e, principalmente, as mídias sociais, criam um ambiente paralelo, no qual é possível criar personagens e viver uma realidade ilusória. Diferentemente da vida real, nós escolhemos aquilo que desejamos mostrar - ou quem queremos ser. Assim, temos sempre a impressão que a vida do outro está sempre em uma posição melhor do que a nossa, gerando uma série de frustrações.
Outro fator a ser considerado é o chamado cyberbullying, ou seja, quando o bullying é praticado dentro dos ambientes virtuais. O anonimato traz uma espécie de segurança aos agressores, que os incentivam a continuar com as atitudes violentas. Somando os comentários maldosos à comparação excessiva, o ambiente virtual se torna extremamente tóxico. Segundo um estudo conduzido pela Royal Society for Public Health, realizado no ano de 2017, o Instagram foi considerado a pior plataforma para a saúde mental dos usuários.
Entre adolescentes de 15 a 19 anos, as mortes causadas por suicídios aumentaram 45% no período de 2000 a 2015, de acordo com um estudo da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil), baseado nos dados do Ministério da Saúde. Além do mais, não podemos esquecer que esses casos, em geral, são subnotificados, podendo então corresponder a um número ainda maior.
Nessa era de aceleração digital, comparação e padrões impostos a todo momento nas redes, precisamos cuidar ao máximo de nossa saúde mental. Observar os tipos de conteúdos que consumimos online e o que eles provocam em nós, já é um grande passo. As redes sociais, como Instagram ou Facebook, foram desenvolvidas, inicialmente, pensando na interação e trocas de experiências entre os usuários, voltadas para o bem-estar. Por isso, hoje proponho uma reflexão: a forma como você tem se comportado virtualmente, tem gerado angústia ou satisfação?
- Por Isabella Inglez, do GMI
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