Participação das lideranças no desenvolvimento do setor será benéfica para mais integração da juventude
Foto: Divulgação/TKE Logística
Um dos desafios que as transportadoras estão enfrentando no transporte rodoviário de cargas (TRC) é a falta de motoristas profissionais. Segundo a Pesquisa CNT Perfil Empresarial, em 2021, cerca de 60% das empresas que participaram da entrevista contêm até 49 motoristas em seu quadro de funcionários, porém entendem que poderiam ter mais se não fossem as dificuldades na contratação.
A pesquisa ainda aponta que 77% das empresas apresentam dificuldades na contratação de profissionais experientes com treinamento ou capacitação específicos para atuarem no TRC, impactando assim a logística como um todo.
Franco Gonçalves, jovem empresário, membro da Comissão de Jovens Empresários e Executivos (COMJOVEM) do Sul de Santa Catarina e gerente administrativo da TKE Logística, salienta a dificuldade envolvida nessa questão: “Como observamos em diversos setores, existe uma falta de profissionais no mercado. Nos últimos anos, vimos crescer a demanda por bons profissionais especializados para suprir os mercados que demandam o atendimento por caminhões. No entanto, não há entrantes suficientes na profissão”.
Esse parâmetro é decorrente de diversos fatores que compõem o transporte rodoviário de cargas, inclusive o desinteresse das novas gerações, que não deslumbram uma carreira promissora na profissão, acarretando ainda mais na falta de encontrar bons motoristas.
Franco detalha outros fatores que levam a juventude a não entrar na área: “Temos uma dificuldade no acesso à profissão por burocracia e altos custos para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Além disso, alguns fatores inviabilizam muitas vezes a nossa renovação e agregação no quadro de funcionários, incluindo os altos riscos e dificuldades nas estradas e as exigências crescentes considerando o processo de profissionalização do setor, como atendimento à legislação de horários, procedimentos em viagem, conhecimento para operacionalizar veículos, aplicativos de exames e psicotécnicos mais exigentes”, descreve o executivo.
Em uma possível mudança de cenário para aliviar os desafios que rodeiam o segmento diariamente, as empresas de transporte vêm buscando alternativas para estruturar melhor o seu relacionamento com esses profissionais para que sintam mais confiança em uma carreira sólida como motorista profissional.
Franco relata que a TKE Logística costuma sempre estar muito próxima de seus colaboradores, visando entender as necessidades e promover soluções para que suas atividades sejam feitas de formas mais tranquilas.
“Temos, há muitos anos, o costume de apoiar os motoristas no aprendizado da profissão. Se o profissional passa em nosso processo seletivo, demonstrando interesse e proatividade em aprender, instruímos desde como realizar uma manutenção básica, para não ‘ficarem na estrada’ por algo simples, até como realizar uma direção mais segura e econômica. Além disso, escutamos cada um para entender e ajudar nos maiores gargalos que eles identificam”, pondera o gerente.
Ainda que esse movimento seja benéfico para que a juventude possa estar atenta e possibilitar a entrada nesse meio, muito se fala em remuneração maior por parte das organizações que fazem parte desse nicho. Porém, segundo a plataforma Dissídio, o reajuste salarial já para esse ano ficou em 8,20%, ou seja, há um aumento de valores para o quadro de ocupação.
Para Franco, o problema não está somente na remuneração, que por parte das empresas vem continuamente buscando atender os pedidos, levando em consideração que o setor proporciona valores monetários maior que 90% que outras profissões. Para ele, o que falta é uma estrutura melhor do país que traga mais conforto e segurança para os motoristas pelas estradas.
“Nosso setor vem ano a ano passando por diversas modificações e desafios, e temos corrido atrás para nos adequar e evoluir com o setor. Temos ainda problemas estruturais nas malhas brasileiras, com estradas sobrecarregadas ou em situações precárias, postos e pontos de paradas sem adequação para receber esses profissionais, além de roubo, violência e furtos. É necessário que os governantes fiscais e os agentes de segurança olhem para nós, mas sei que não será fácil e nem prático”, finaliza o executivo.
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