
Após Evo Morales ser reeleito no dia 20 de outubro, para seu quarto mandato consecutivo, protestos tomaram as ruas da Bolívia. Simpatizantes de Carlos Mesa, opositor de Evo, denunciavam fraudes na apuração. Nem o anúncio de novas eleições foi suficiente para conter a oposição e manter o apoio dos militares, que naquele momento já não reprimiram as manifestações.
Então, no último domingo, 10 de novembro, os chefes das Forças Armadas e da Polícia pediram que o até então Presidente Evo deixasse o cargo para "pacificar o país". O vice-presidente Álvaro García, a presidente do Senado, Adriana Salvatierra, o vice-presidente do Senado, Rubén Medinacelli, e o titular da Câmara dos Deputados, Víctor Borda, também renunciaram seus cargos. Nesta segunda-feira 11, a segunda vice-presidente do Senado, Jeanine Áñez, reivindicou o direito de assumir a presidência do país. À imprensa, ela disse que só pretende assumir a função para convocar novas eleições.
As manifestações e a forte instabilidade política travaram o transporte rodoviário de cargas entre Brasil e Bolívia: “Desde a semana passada nenhum caminhão está ingressando na Bolívia e os que já estão lá, não conseguem sair. O Comércio com a Bolívia está literalmente parado. Pela fronteira estão circulando pessoas e produtos de primeira necessidade”, afirma o Coordenador da COMTRIN - Comissão Permanente de Transporte Internacional da NTC&Logistica, Ademir Pozzani.
A empresa ABC Cargas, associada a entidade, também tem enfrentado problemas com o caos vivido na Bolívia. “Temos um fluxo pequeno de Transporte de Caminhões novos para a Bolívia, mas desde o início da crise política nosso cliente resolveu interromper o fluxo. Temos produtos parados em nossa base no Rio de Janeiro e no Porto Seco de Corumbá, Mato Grosso do Sul” afirmou o presidente da companhia, Danilo Guedes.
A Transportadora Falcão Ltda, do empresário Bruno Henrique Santana, está com seus caminhões parados e carregados no pátio “faz 21 dias que estamos parados, esperando para ingressar novamente na Bolívia, a Aduana boliviana não está trabalhando, a fronteira está fechada e estamos esperando alguma solução por parte do povo boliviano, para liberar as vias e a fronteira. O prejuízo é gigantesco e já chegou à casa dos 7 dígitos. Imagine somando todas as transportadoras.”
Segundo dados divulgados pelo presidente da Setlog Pantanal, entidade associada a NTC, Lourival Vieira Costa Júnior, são aproximadamente 40 transportadoras afetadas e quase 500 caminhões impedidos de trafegar na fronteira de Brasil e Bolívia. O impacto econômico para o transporte rodoviário de cargas pode chegar a 1 milhão de reais de prejuízo por dia.
Ainda segundo Junior, a Setlog Pantanal entrou em contato com a Câmara Boliviana de Transporte Nacional e Internacional, que afirmaram que ainda essa semana, o problema com os caminhões e profissionais do transporte estará resolvido.
A NTC&Logística, representando seus associados que operam no transporte internacional rodoviário de cargas está acompanhando o desenrolar desses acontecimentos, não só na Bolívia bem como no Chile. Os estudos desenvolvidos pelo DECOPE/NTC - Departamento de Custos Operacionais da NTC, informam sobre os custos do veículo parado que é de U$S 275 (carga seca) e de U$S 450 (carga refrigerada). Esses valores estão relacionados com salários e encargos do motorista, seguro, despesas em geral que são custos fixos. No caso do veículo com carga refrigerada, além desses custos fixos há o combustível para fazer a refrigeração do veículo já que o motor é a diesel.
“O comércio entre Brasil e Bolívia tem uma lista ampla com produtos manufaturados dentre os itens. A importação brasileira está relacionada com commodities – principalmente borato, ureia dentre outros. No caso do Chile, outro país que vem sofrendo com a crise política, a importação brasileira está mais concentrada no pescado, frutas e vinhos. Com esse impasse na política desses países tememos pela escassez dos produtos importados” comenta Ademir Pozzani.
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