Apoio das empresas contribui para a integração das mulheres no mercado de trabalho
Foto: Banco de imagens/Canva
A maternidade e a conciliação com o trabalho ainda carregam uma bagagem de discussões e opiniões distintas. O assunto circunda o regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que passou por mudanças após a reforma trabalhista. Em suma, a lei determina que a funcionária gestante tem direito a licença de 120 dias, e esse período pode iniciar até 28 dias antes da data prevista para o parto.
No transporte rodoviário de cargas (TRC), o número de mulheres ainda é baixo nas áreas operacionais, como a de motoristas, e o público feminino ainda se concentra nas áreas administrativas das transportadoras, conforme indica o Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC), órgão de pesquisa parceiro do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (SETCESP). Apesar disso, é extremamente necessário que as empresas estejam atualizadas sobre os direitos e deveres de ambas as partes para esse cenário.
Além disso, o último levantamento realizado pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), no ano passado, mostrou que cerca de 35% das mulheres entrevistadas na época se sentiam desvalorizadas nas empresas em decorrência da maternidade, indicando ainda mais a importância do olhar empático para esse fator.
Com as mudanças referentes à licença maternidade realizadas pela publicação recente da Medida Provisória 1.116/2022, que envolvem pautas como internações, nascimento prematuro, garantia do salário maternidade, dentre outros, muitas empresas começaram a voltar o olhar para o bem-estar de suas colaboradoras e a oferecer o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, necessário em fases como essas.
“Como mãe de dois filhos e empresária no setor rodoviário de cargas, sei da importância de oferecermos certa flexibilidade para as mães, principalmente nos primeiros anos de vida da criança, pensando justamente nos diversos fatores que influenciam a vida dessa colaboradora e de sua família nesse novo ciclo”, comenta Gislaine Zorzin, diretora administrativa da Zorzin Logística.
Porém, oferecer somente a licença prevista em lei para essas mulheres pode não ser suficiente a longo prazo, segundo a executiva: “A licença maternidade é um direito, portanto é necessário pensarmos para além disso, na criação de um vínculo entre empresa e a mãe, oferecendo um ambiente acolhedor e de apoio, pensando em medidas simples para que elas estejam presentes para seus filhos”.
Dessa forma, as empresas passam a desenvolver projetos diferenciados como forma de inspirar outros setores com o objetivo de compreender o cenário atual no mundo corporativo em que as mães estão inseridas, proporcionando essa integração.
Como exemplo, a Zorzin Logística colocou em prática um dos seus projetos voltados para suas colaboradoras. Chamado de Escala Mãe, Gislaine explica a sua finalidade: “O projeto foi idealizado justamente pela realidade que vejo das pessoas que possuem filhos dentro das empresas, principalmente quando bebês. Pensando nisso, oferecemos essa flexibilidade para as mulheres que trabalham em nossas equipes internas, com a possibilidade de trabalhar de casa, quando possível, no estilo home office, e para as nossas motoristas do operacional, a quem oferecemos escalas e operações reduzidas”.
Há indícios de mudança na forma como o mercado encara a maternidade e a paternidade atualmente, porém a temática ainda passa por constantes mudanças e narrativas. Além disso, a contribuição das vagas afirmativas nas empresas, desenvolvidas através de ações políticas para promover igualdade e oportunidade, também auxiliam todos os grupos que compõem a sociedade para contratações igualitárias.
“A ideia é contribuir e espalhar a consciência de que podemos firmar esse comprometimento quando há uma boa troca entre empresa e colaborador. Principalmente no TRC, essas ideias auxiliam ainda mais a fomentar a contratação de mulheres no setor para que elas se sintam acolhidas e seguras como profissionais e mães”, finaliza a executiva.
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