Empresária defende tópicos importantes para a contratação de condutoras no transporte rodoviário de cargas
Foto: banco de imagem/Canva
O posicionamento das empresas em discussões voltadas à contratação feminina no mundo corporativo diz muito sobre como essa reavaliação no quadro de cargos vem sendo aplicada com o passar dos anos.
O transporte rodoviário de cargas (TRC) transparece bem essa realidade, visto que é uma área socialmente encarada para o público masculino e com pouquíssimas mulheres que se enquadram nos números representados dentro das empresas deste segmento, principalmente o de motoristas. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o TRC conta com cerca de 2,2 milhões de profissionais no Brasil, sendo apenas 17% mulheres.
Alguns fatores influenciam esse baixo índice, segundo Gislaine Zorzin, diretora administrativa e de novos negócios da Zorzin Logística. De acordo com ela, “para alcançarmos a equidade de gênero, é necessário investir em políticas com foco em trazer mulheres para as empresas, na qualificação dessas colaboradoras e em dar a oportunidade para começarem”.
Pensando nesses tópicos, Gislaine ressalta a importância de oferecer ambientes que proporcionem acolhimento ao público feminino: “É necessário que todos realizem um trabalho de conscientização dentro das transportadoras, com os embarcadores e com os clientes para receber e oferecer a essas mulheres sanitários adequados, locais para elas fazerem suas refeições e salas de descanso ambientadas, por exemplo”.
A infraestrutura das rodovias e das estradas também é um dos itens que entram na lista de justificativas para que o número de motoristas mulheres ainda seja baixo, já que esses problemas culminam na facilidade relacionadas ao roubo de cargas. De acordo com a pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) no início deste ano com empresas do transporte e logística, 62,5% informaram que seus veículos já foram alvo de roubos de carga, aumentando a insegurança das motoristas com a profissão.
“As estradas sem alicerce e os pontos de parada muitas vezes inadequados causam insegurança e, por consequência, desinteresse. No entanto, acredito que o principal motivo para que as mulheres ainda não ocupem o número equivalente aos cargos de motoristas nas transportadoras se deve primeiramente à falta da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) profissional, considerada obrigatória para o cargo”.
Segundo pesquisa feita pela Secretaria Nacional de Trânsito em janeiro de 2022, há um total de 4,39 milhões de CNHs para veículos pesados adquiridas no país, que compõem caminhões e carretas, do qual 97,19% são de motoristas homens e apenas 2,81% de mulheres.
Com a conservação do estereótipo masculino para os cargos de motoristas no transporte de cargas, as empresas começaram a investir em projetos que agreguem as mulheres no volante para suas equipes. “Temos a ambição de aumentar bastante nosso quadro de motoristas mulheres até o final do ano e, principalmente, no ano que vem. Queremos receber muitas mulheres, e para isso estamos fazendo também um trabalho junto ao SEST SENAT e à Mercedes-Benz para buscarmos currículos de mulheres disponíveis que já são habilitadas, mas também queremos dar qualificação e investimento para a carreira das que não possuem certa experiência na área”, comenta Gislaine.
“Com as empresas voltando o olhar para a contratação de mulheres para assumirem os volantes de suas transportadoras, creio que só temos a ganhar. Bato na tecla de que a equidade de gênero traz a diversidade de ideias e perfis diferentes, e isso é bom para o crescimento de qualquer empresa. Por isso, o investimento em políticas internas eficientes, na qualificação e nas oportunidades é primordial de modo que mostre essa visão de que elas também fazem esse trabalho e que tenham essa determinação”, finaliza a executiva.
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