A poesia brasileira possui uma rica história que continua perpetuando-se até hoje. Apesar de ser uma herança dos colonizadores, o povo brasileiro conseguiu tirar forças de sua realidade nada gloriosa e utilizou a mais delicada arte: a poesia, como símbolo de resistência e como um megafone para, de alguma maneira, ser ouvido. Do Quinhentismo à obras Modernistas, a história da poesia teve como protagonista os jovens brasileiros e ao contemplar o cenário poético contemporâneo nos deparamos não só com os mesmos protagonistas, mas também com uma poesia cada dia mais objetiva e política, sendo utilizada como arma contra as adversidades da vida. Tal poesia atual é chamada de SLAM e a mesma nos atinge de maneira a "manifestar a realidade e o humano em todo o ser humano", ou seja, tornou-se muito além de rimas, é um movimento social.
Originado na periferia de Brasília, o SLAM no Brasil tomou conta das periferias das grandes metrópoles brasileiras e tem como objetivo dar voz aos que se sentem silenciados pela sociedade. Slam é uma expressão inglesa cujo significado se assemelha ao som de uma “batida” de porta ou janela. A fim de conscientizar, a poesia SLAM feita pelos artistas carrega uma linguagem simples e objetiva e desse modo conseguem atingir todos os públicos, estabelecendo uma comunicação efetiva, sem ruídos. Livre de métricas como no Romantismo, a poesia SLAM caracteriza-se pelo discurso direto falado, baseado nas vivências do eu-lírico, carregado de resistência e declamado em praças. A arte expõe a realidade do jovem brasileiro que, apesar de ser a maioria nas estatísticas, é considerado socialmente minoria.
O fato de usar palavras simples e de maneira coloquial aproxima ainda mais os públicos do SLAM, tornando esta arte mais acessível e conhecida, uma vez que além de compreender a poesia, o indivíduo enxerga um fator identitário que o mune de informação, cultura e conscientização de sua realidade ou de outro alguém. Apesar de não possuir um público alvo em específico, o SLAM democratiza a poesia e a resistência ao abordar temas como racismo, feminismo e ativismo político, e assim alcança quem estiver disposto a ouvir, seja na periferia ou nos grandes centros.
A poesia SLAM traz à tona a realidade e a verdade das minorias que não desfrutam dos direitos de serem pertencentes à sociedade que vivem. Amparados não só pelas suas vivências, os jovens artistas empoderam-se através da poesia e como uma boa cantiga trovadoresca de maldizer muito bem construída do século XXI, o diálogo, que a sociedade por vezes lhe nega, entre "os esquecidos" e "aqueles que não querem lembrar" é estabelecido.
“É preciso resistir para existir. Poesia é reexistência”
Por: Gabriela Malta
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