Para compensar o aumento do preço dos insumos logísticos, transportadoras se veem obrigadas a repassar o valor para os clientes

Foto: banco de imagem/Canva
O setor de serviços representa 70% do PIB Nacional, sendo uma parte significativa da economia brasileira, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dentro deste número, se encontra os processos logísticos, que de acordo com o último Radar CNT do Transporte, teve um crescimento de 11,4% em 2021.
Apesar disso, o custo logístico representa 12,5% do PIB, sendo um dos maiores do mundo, segundo dados do próprio IBGE. Dentro deste cenário existem diversas variáveis, como combustíveis, custo de manutenção e outros, que viram despesas operacionais para as transportadoras, que as repassa, no valor de frete.
O governo federal tem procurado controlar a tabela de frete recentemente, levando em conta esse cenário. Foi publicado então em julho, pela ANTT, os novos valores da tabela de pisos mínimos de frete, com um aumento médio que varia de 0,87% para operações com veículo automotor de alto desempenho, a 1,96% para carga lotação.
Esse aumento se traduz no repasse de valores dentro dos fretes, o que encarece o produto, e torna o valor dos processos internos das empresas mais altos, dificultando a negociação no momento de redigir contratos de serviços.
Segundo o diretor operacional da Zorzin Logística, Marcel Zorzin, o repasse é feito pelas empresas que não tem como absorver os consecutivos aumentos. “Se os insumos sobem, precisamos repassar, se não ficamos no vermelho. Mas compensamos isso, aqui na empresa, sendo mais inteligentes, fazendo menos compras, e usando tecnologia para melhorar os nossos serviços.”
Ele complementa que essas práticas na empresa, dão mais dinamismo para os processos. Isso porque permite uma diminuição drástica de custos operacionais com compras, e até mesmo de processos dentro dos estoques.
O executivo também enxerga todas as variáveis desse cenário de alta no preço dos fretes, e comenta que é um beco sem saída, pois sem o repasse, as empresas irão falir, por não conseguirem arcar com a alta quantidade de custos.
“Todo mundo está tentando reduzir os valores para o consumidor final, e não ficar no vermelho no meio desse processo”. E complementa: “As empresas precisam sobreviver no final das contas, e uma política de preços mais justa, pode impedir um cenário semelhante ao de 2018, só que desta vez, com os transportadores fechando.”
Em sua visão, os preços administrados pelas estatais, que não sofrem alterações de oferta e demanda, por serem controladas por um órgão público, como é o caso da Petrobrás, influenciam no preço dos combustíveis, o que impacta diretamente toda a sociedade, de modo geral.
Essa variação impacta diretamente o valor dos produtos nas prateleiras, porque cerca de 65% de toda a produção brasileira, é escoada através do transporte rodoviário de cargas, e todo os fatores deste cenário, tanto interno quanto externo, fazem com que os valores de fretes repassados para os clientes subam.
Por isso Marcel enxerga que é necessário encontrar uma maneira de controlar os preços dos insumos, para um maior controle da variação do frete, um problema que vai muito além das estatais.
“Os preços administrados pelas estatais poderiam ser governados de uma maneira melhor, mas o problema vai além. Deveriam aplicar menos impostos nos produtos, e ter uma política econômica melhor, visando todo o cenário econômico”, comenta Marcel.
O empresário finaliza: “Desta forma, poderíamos ter um retorno positivo do valor do frete, diminuindo o repasse, para o consumidor, e aumentando o a economia do país. Na minha visão, todo mundo sai ganhando.”
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